Ser designado para escrever sobre qualquer assunto dentro do futebol não é tarefa fácil. Tal assunto pode ser seu time, o jogo de ontem, as regras pouco desvendadas, as vitórias e derrotas, os grandes títulos ou a falta deles. Entretanto a primeira coisa que vem a cabeça quando se pensa em futebol é quase sempre a mesma, o amor envolvido nesse mundo.

Amor esse que só quem sente entende. Se o amor pelo seu time é como um casamento, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença; o amor pelo futebol é sua religião. Que te faz perder encontros marcados para assistir a um mero empate ou a uma derrota, te faz elogiar o jogador do maior rival porque o cara joga muito, te faz assistir ligas de países distantes simplesmente porque lá o futebol parece ter algo diferente que o torna fantástico.

Rir e chorar pelo resultado de pessoas as quais provavelmente você nunca vai conhecer é um desafio para poucos. Mas a causa é maior, torcer pelo seu time te ensina a gostar daquele jogador que jogava a um mês no rival e vibrar com ele como se vibra quando seu irmão faz um gol na “pelada” na esquina de casa.

A mesa do bar, o sofá de casa, o sofá do amigo, o campinho da esquina, o estádio, a sede da organizada, o rádio de pilha, o futebol de botão, o seu time no cartola, tudo se torna parte dessa religião. Religião capaz de mobilizar milhões de corações, capaz de te provocar emoções desconhecidas.

Pode ser que alguns dos que vão ler não entendam tamanha devoção, provavelmente muitos vão achar sem sentido tanta importância a um simples jogo; mas de todos esses tenho certeza de que um vai entender exatamente o sentido do texto, e vai se enxergar nele por muitas vezes.

Porque escrever sobre um único assunto, se foi dada a liberdade de escrever sobre o futebol todo? E, para tanto, não é preciso escrever detalhes das regras, estatísticas, ou quantos times existem, quantos gols, quais os melhores jogadores. Basta fazer você que está lendo reviver o dia em que assistiu a seu primeiro jogo, o dia em que chorou de alegria ou de raiva no final do campeonato, o dia em que ganhou sua primeira bola ou pegou emprestada do amigo. Emoções que só o futebol te proporciona, e só quem já sentiu pode entender.

Não é difícil alguém te perguntar o porquê você gosta tanto disso, ou quanto tempo você está perdendo algo que independe de você para o resultado final. Porém esse texto vai para aqueles que, como eu, acham que seu time perdeu porque você não assistiu o jogo, e se sentem culpados por terem falado mal daquele jogador que foi o herói dessa rodada.

Uma vez me perguntaram por que o futebol, roubando um pouco de poesia posso responder, “Eu te amo porque te amo. Amor é dado de graça. Amor foge a dicionários e a regulamentos vários.” Disse Carlos Drumonnd de Andrade em As Sem razões do Amor.


Cynthia Paludeto

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