E mais uma vez, nós brasileiros, somos obrigados a assistir uma atuação pífia da seleção canarinho. Começo meu texto com toda essa indignação, pois como bem disse nosso companheiro Carlos Henrique Wilhelms, o compromisso de “ver o jogo do Brasil” já se tornou um contrato informal, assinado quando se nasce nas mesmas terras que as palmeiras com sabiás. O Estádio Mario Kempes, nome de um dos maiores jogadores da Argentina, foi o infeliz palco de tal peça trágica.

A escalação da seleção comandada por Mano Menezes, para disputar o primeiro jogo da Copa Superclássico das Américas, era previsível: Jefferson (Goleiro), Danilo (Lateral Direito), Rever (Zagueiro), Dedé (Zagueiro), Kleber (Lateral Esquerdo), Ralf e Paulinho (Volantes), Renato Abreu (Meio Campo), Neymar, Leandro Damião e Ronaldinho Gaúcho (Atacantes). No papel fica bonito, agora em campo...

O jogo começou como se esperava, truncadíssimo, com Renato Abreu sofrendo para se encontrar em campo. Escalado em posição diferente da que atua no Flamengo, o volante ficou responsável pela criação de praticamente todas as jogadas de ligação. Tal modificação sobrecarregou não só Renato Abreu, como também obrigou Neymar a voltar para buscar jogo.

Nossos hermanos começaram agilizando o toque de bola. Sem ter Messi como referência, a Argentina apostou em lançamentos e bolas enfiadas nas costas da defesa brasileira. Para isso, contou com um entrosamento grande entre os laterais e os meias. Já o Brasil podia contar com apenas um bom lateral, Danilo. Kleber infelizmente não esteve nos seus melhores dias e pouco brilhou durante o jogo.

Aos 12 minutos, o telespectador foi acordado por uma bola na trave do segundo melhor atacante que nós temos atuando no Brasil, Leandro Damião. Já que tava difícil a ligação entre o meio e o ataque, o zagueiro Rever resolveu “juntar os fios” e fazer uma ligação direta da zaga, com um lançamento para Neymar. O melhor atacante que temos atuando em solo verde-amarelo dominou driblando, fintou dois zagueiros e cruzou para Damião. O novo dono da camisa 9 concluiu de canela, mas a bola parecia ser “hermana” e tocou a trave.

Dois minutos depois, a Argentina revida com Boselli, atacante do Estudiantes. A resposta vem depois de uma grande insistência de nossos adversários no jovem atacante. Porém, para felicidade dos brasileiros, a bruxinha estava solta. Aos 24 minutos, depois de esticar a perna, Boselli sente a coxa e dá lugar à Gigliotti.

Do lado brasileiro nada de criação. Um Ronaldinho diferente daquele que vem se apresentando no Brasileirão estava em campo, parecia mais preocupado com seus dribles e individualidade, do que jogar para o coletivo e objetividade. Muita plástica e pouca produção. Apesar do apagão brasileiro, o lado direito (Danilo, Paulinho e Neymar), funcionou como deveria, subindo na criação e voltando para auxiliar na marcação.

A Argentina apresentava um futebol consistente, sempre chegando ao ataque com perigo. Enquanto o Brasil jogava por lampejos de Neymar e Paulinho. Vendo que o volume de jogo brasileiro crescia, a Argentina conscientemente fechou as laterais, obrigando o Brasil a voltar a jogar pelo meio. Forçando, novamente, o recuo dos atacantes. Enfim o fim... Do primeiro tempo.

Com a bola voltando a rolar, nossos hermanos se soltaram e retornam pressionando o Brasil. Renato Abreu inverte de posição com Paulinho, deixando novamente a criação nas costas de um volante de ofício. O segundo tempo escorreu como areia pelas mãos.

Damião, artilheiro do Brasil na temporada com 37 gols, havia dado apenas um chute a gol. Neymar que deveria tirar suspiro da torcida com seus dribles, se viu obrigado a criar jogadas de ataque. E Mano com Lucas, Oscar e Casemiro no banco. Elkeson arrancava seus cabelos aqui no Brasil.

Finalmente, aos 17 minutos, o técnico canarinho sacou Renato Abreu e colocou Oscar. Não mudou muito a produção de jogo, mas além de ser um jogador habituado à posição, Oscar se apresentava muito mais na área do que Renato. Com a mudança, R10 passou a cair mais para o meio, e o campeão sub-20 se deslocou para o lado esquerdo do campo.

Com o jogo parado e sonolento, novamente Damião teve que chamar a responsa e acordar a torcida. Aos 32, deu uma lambreta em Canteras, e tentou um cruzamento que caprichosamente bateu na trave. Não foi dessa vez que vimos o bigode em solo argentino.

O atacante Mouche levava perigo ao gol de Jefferson, mas o goleiro botafoguense inspirava segurança e realizou poucas, mas boas defesas. R10 só veio marcar presença forte no jogo com uma cobrança de falta aos 36, e nada mais. Faltando 3 minutos, Casemiro entra no lugar de Paulinho. Aí foi só esperar o arbitro chileno Enrique Zencovich soar o apito, para voltarmos às atividades do cotidiano.

Com o apoio da torcida, a seleção argentina, que teve o time mais fraco da história da Argentina, criou mais chances que a seleção brasileira e mostrou que irá fazer um jogo duro na partida de volta no Brasil.

Cada vez mais desacreditada na conquista de 2014, a seleção de Mano necessita ganhar um jogo convincente para dar confiança ao seu trabalho, pois se mantiver esse ritmo, logo, logo, a imprensa cairá matando, pedindo a sua cabeça. Mas somos brasileiros, e a escalação para a próxima acontece quinta-feira da semana que vem, dia 22. Agora é esperar.

Aí vão as notas dos brasileiros

Jefferson: 7,0

Kléber: 5,0

Dedé: 6,5

Rever: 6,0

Danilo: 7,0

Ralf: 6,5

Paulinho: 7,0

Renato Abreu: 4,5

Ronaldinho: 6,5

Neymar: 8,0

Leandro Damião: 7,5

Oscar: 6,0

Casemiro: 5,5




João Conrado Kneipp

1 comentários:

Nossa... Damião jogou demais! Fumou dar nota menor que a do Neymar

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